sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Caos do Trânsito no Brasil - Qual a saída para a MAIORIA da população?

PROPOSTAS PARA FLUIR O TRÂNSITO NO BRASIL

APRESENTAÇÃO

O caos no transporte de carga e passageiros no Brasil não é obra do mero acaso ou da incompetência dos sucessivos governos. O problema vem das ações impostas pela classe dominante que se apropriou deliberadamente do Estado.

Os interesses pelo aumento dos lucros das corporações privadas, ligadas direta e indiretamente ao setor de transportes, se sobrepõem às necessidades da maioria da população e às questões sociais e ambientais.

A população precisa tomar conhecimento, se organizar, transformar essa triste realidade.

SITUAÇÃO ATUAL

O município de São Paulo conta com mais de 6 milhões de automóveis para cerca de 11 milhões de habitantes. Mais de 1 carro individual para cada 2 habitantes. Entram mais de mil novos veículos nas ruas todos os dias. E a cidade possui, para a mesma população, somente algumas dezenas de quilômetros de linhas de metrô e trem, pouco mais de dez mil ônibus em circulação.

A situação não melhora quando se observa o transporte de cargas, baseado quase exclusivamente em caminhões, ou seja, rodoviário e privado.

Seja no transporte de passageiros ou de cargas, a população sofre com os efeitos perversos dessa opção imposta. Além dos congestionamentos constantes, causando desgaste nervoso e agressividades, acontece na cidade de São Paulo 1 acidente rodoviário a cada 3 minutos, 8 vítimas fatais por dia pela poluição, 1 pessoa morre a cada 6 horas.

A situação pouco ou nada varia por todo o Brasil.

As políticas públicas municipais, estaduais e federais ainda priorizam o transporte rodoviário e individual, lhes direcionando a maioria dos recursos. Os governos incentivam fiscalmente, isentam de impostos e emprestam dinheiro público às empresas transnacionais de automóveis, caminhões e afins. As mesmas políticas públicas torram verbas sociais em obras viárias, como abertura, extensão e alargamento de novas vias, duplicação de rodovias, construção de pontes e viadutos. Essas ações expulsam moradores das áreas atingidas, impermeabilizam os solos, canalizam córregos e rios, atraem mais automóveis e caminhões, aumentam a poluição sonora e do ar, piorando a qualidade de vida de todos.

A maioria da população, justamente aquela que mais depende do Estado e das políticas públicas, se depara com transporte coletivo caro, insuficiente e de má qualidade, ao lado da deterioração da situação social e ambiental do país como um todo.

Mesmo considerando que as origens dessa catástrofe não se restringem apenas à questão dos transportes, a situação exige soluções específicas que atinjam diretamente as causas de tantos problemas.


PROPOSTAS

Convocar a população para participar, com poder de decisão e fiscalização, da reorganização das políticas públicas de transportes de cargas e passageiros.

Retirar das mãos do setor privado e colocar sob a responsabilidade do Estado a gestão do setor, contratando, valorizando e estimulando o funcionalismo público.

Reduzir a produção de automóveis e caminhões, através do fim dos incentivos, isenções fiscais e empréstimos com dinheiro público, do combate à sonegação de impostos, da taxação progressiva às corporações fabricantes.

Reduzir ao mínimo as obras rodoviárias desnecessárias que só atraem mais veículos e degradam o meio ambiente.

Com os recursos materiais e humanos obtidos nos itens anteriores, aumentar a produção, qualidade e eficiência das linhas de transportes coletivos, sobretudo trens, metrôs e corredores de ônibus, sempre sob o comando do Estado e controlado pela população, visando a tarifa zero.

As políticas públicas de transportes devem estar de acordo com os respectivos planos diretores e estudos de impacto ambiental.

Rígido controle e fiscalização sobre todos os tipos de transporte rodoviário no que se refere à circulação viária e à emissão de poluentes sonoros e do ar.

Inibir através do convencimento e de ações afirmativas o uso de automóveis e caminhões.

Realizar campanhas educativas combinadas com a aplicação do Código Nacional de Trânsito, o qual deve ser revisto e endurecido.

Incentivar as mais diversas modalidades de transportes sustentáveis, como ciclovias e hidrovias, tanto de cargas como de passageiros.

Impulsionar as comunidades à auto-organização em conselhos populares, autônomos e independentes, de forma que desenvolvam poder de decisão e fiscalização sobre todo o processo.


GANHOS SOCIAIS E AMBIENTAIS


Reorganização do tráfego, de modo a aperfeiçoar o uso do espaço viário, gerando mais espaço e economia de tempo para o transporte público e coletivo, mais espaço e melhor qualidade de vida para o pedestre. 

Redução do consumo de combustíveis, renováveis e não renováveis.

Melhoria da qualidade e eficiência dos combustíveis, reduzindo a emissão de dióxido de carbono e a poluição em geral.

Redução de acidentes no trânsito.

Redução da impermeabilização do solo em ruas, avenidas e estradas, permitindo maior escoamento e absorção da água das chuvas, evitando enchentes.

Reorganização dos espaços e das atividades urbanas, de forma a reduzir as necessidades e custos de deslocamento.

Melhoria da qualidade de serviços públicos com a imprescindível participação popular nas decisões e gestão das políticas públicas.

Harmonização das relações com a natureza, humanizando e melhorando a qualidade de vida de todos.

10 comentários:

  1. Muito boa análise e propostas exclentes!

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  2. Obrigado pelo comentário.
    Esse tema, entre tantos outros, é de suma importância para o Brasil e costuma ser relegado a outros planos.
    A priorização no transporte coletivo, público, de qualidade, preferencialmente sobre trilhos, é fundamental para começar a solucionar os problemas de locomoção dos brasileiros, passageiros e cargas.

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  3. Vasto projeto! As ideias são ótimas mas elas parecem não entrar muita na cabeça de muitos gestores mas já começou algumas coisas em algumas capitais pelo menos como São Paulo e Rio de Janeiro. Dá para ver que não 100% do dinheiro alocado para infraestruturas de transorte vai para carro. Uma pequena fatia está sendo alocada em ciclovia, ciclofaixa, o que eu conheço mais e provavelmente em outros tipos de transporte, público, por exemplo. Infelizmente não chegou no interior em todos os locais e isso depende muito da abeça dos gestores locais. Aqui em Vitória já temos uma fala, mas o discurso não se transforma muito em ação efetiva e por exemplos os gastos em infraestruturas cicloviárias são ainda ínfimos... Nem todos os cidadãos podem ter um prefeito igual ao prefeito de Sorocaba!

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  4. O uso de bicicletas por ciclovias ou ciclofaixas é uma proposta simpática, mas não resolve e nem atende ao gargalo da MAIORIA da população na dura luta para se locomover pelas ruas, avenidas, estradas. Creio que essa proposta funcionaria mais como complemento às propostas estruturais.
    Insisto que as soluções para a MAIORIA da população devem priorizar o transporte público, coletivo, preferencialmente sobre trilhos, seja para passageiros, seja para cargas.

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  5. ADOREI
    RECOMENDO MESMO
    PARABÉNS

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  6. Obrigado pelo comentário.
    Precisamos divulgar e debater esse tema com o maior número de pessoas.
    Abraços!

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  7. Perfeito. Muito bom texto. Análise correta, porém acredito q o uso da bicicleta precisa ser visto como uma das soluções. Muita coisa mudou de 2011 pra cá.

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  8. Oi Minda, obrigado pela visita e pelos comentários.
    Mudou sim de 2011 pra cá. Porém o que mais atende a maioria em mobilidade urbana ainda é o transporte coletivo. Por ser individual, a bicicleta funcionaria como complemento, sobretudo se considerarmos as grandes distâncias nas áreas metropolitanas.
    E segue o debate...
    Comente sempre!

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  9. Muito bom e atual, mesmo tendo sido escrito há 12 anos. Os números precisariam ser atualizados, porém as propostas são de primeira linha.

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  10. Obrigado pela visita e comentários.
    Exatamente. A essência da catástrofe continua a mesma, a despeito dos números antigos.
    Comente sempre!

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