PROPOSTAS PARA FLUIR O TRÂNSITO NO
BRASIL
APRESENTAÇÃO
O caos no transporte de carga e
passageiros no Brasil não é obra do mero acaso ou da incompetência dos
sucessivos governos. O problema vem das ações impostas pela classe dominante
que se apropriou deliberadamente do Estado.
Os interesses pelo aumento dos
lucros das corporações privadas, ligadas direta e indiretamente ao setor de
transportes, se sobrepõem às necessidades da maioria da população e às questões
sociais e ambientais.
A população precisa tomar
conhecimento, se organizar, transformar essa triste realidade.
SITUAÇÃO ATUAL
O município de São Paulo conta
com mais de 6 milhões de automóveis para cerca de 11 milhões de habitantes.
Mais de 1 carro individual para cada 2 habitantes. Entram mais de mil novos
veículos nas ruas todos os dias. E a cidade possui, para a mesma população,
somente algumas dezenas de quilômetros de linhas de metrô e trem, pouco mais de
dez mil ônibus em circulação.
A situação não melhora quando se
observa o transporte de cargas, baseado quase exclusivamente em caminhões, ou
seja, rodoviário e privado.
Seja no transporte de passageiros
ou de cargas, a população sofre com os efeitos perversos dessa opção imposta.
Além dos congestionamentos constantes, causando desgaste nervoso e
agressividades, acontece na cidade de São Paulo 1 acidente rodoviário a cada 3
minutos, 8 vítimas fatais por dia pela poluição, 1 pessoa morre a cada 6 horas.
A situação pouco ou nada varia
por todo o Brasil.
As políticas públicas municipais,
estaduais e federais ainda priorizam o transporte rodoviário e individual, lhes
direcionando a maioria dos recursos. Os governos incentivam fiscalmente,
isentam de impostos e emprestam dinheiro público às empresas transnacionais de
automóveis, caminhões e afins. As mesmas políticas públicas torram verbas
sociais em obras viárias, como abertura, extensão e alargamento de novas vias,
duplicação de rodovias, construção de pontes e viadutos. Essas ações expulsam
moradores das áreas atingidas, impermeabilizam os solos, canalizam córregos e
rios, atraem mais automóveis e caminhões, aumentam a poluição sonora e do ar,
piorando a qualidade de vida de todos.
A maioria da população,
justamente aquela que mais depende do Estado e das políticas públicas, se
depara com transporte coletivo caro, insuficiente e de má qualidade, ao lado da
deterioração da situação social e ambiental do país como um todo.
Mesmo considerando que as origens
dessa catástrofe não se restringem apenas à questão dos transportes, a situação
exige soluções específicas que atinjam diretamente as causas de tantos
problemas.
PROPOSTAS
Convocar a população para
participar, com poder de decisão e fiscalização, da reorganização das políticas
públicas de transportes de cargas e passageiros.
Retirar das mãos do setor privado
e colocar sob a responsabilidade do Estado a gestão do setor, contratando,
valorizando e estimulando o funcionalismo público.
Reduzir a produção de automóveis
e caminhões, através do fim dos incentivos, isenções fiscais e empréstimos com
dinheiro público, do combate à sonegação de impostos, da taxação progressiva às
corporações fabricantes.
Reduzir ao mínimo as obras
rodoviárias desnecessárias que só atraem mais veículos e degradam o meio
ambiente.
Com os recursos materiais e
humanos obtidos nos itens anteriores, aumentar a produção, qualidade e
eficiência das linhas de transportes coletivos, sobretudo trens, metrôs e
corredores de ônibus, sempre sob o comando do Estado e controlado pela
população, visando a tarifa zero.
As políticas públicas de
transportes devem estar de acordo com os respectivos planos diretores e estudos
de impacto ambiental.
Rígido controle e fiscalização
sobre todos os tipos de transporte rodoviário no que se refere à circulação
viária e à emissão de poluentes sonoros e do ar.
Inibir através do convencimento e
de ações afirmativas o uso de automóveis e caminhões.
Realizar campanhas educativas
combinadas com a aplicação do Código Nacional de Trânsito, o qual deve ser
revisto e endurecido.
Incentivar as mais diversas modalidades de transportes
sustentáveis, como ciclovias e hidrovias, tanto de cargas como de
passageiros.
Impulsionar as comunidades à
auto-organização em conselhos populares, autônomos e independentes, de forma
que desenvolvam poder de decisão e fiscalização sobre todo o processo.
GANHOS SOCIAIS E AMBIENTAIS
Reorganização do tráfego, de modo
a aperfeiçoar o uso do espaço viário, gerando mais espaço e economia de tempo
para o transporte público e coletivo, mais espaço e melhor qualidade de vida
para o pedestre.
Redução do consumo de
combustíveis, renováveis e não renováveis.
Melhoria da qualidade e
eficiência dos combustíveis, reduzindo a emissão de dióxido de carbono e a
poluição em geral.
Redução de acidentes no trânsito.
Redução da impermeabilização do
solo em ruas, avenidas e estradas, permitindo maior escoamento e absorção da
água das chuvas, evitando enchentes.
Reorganização dos espaços e das
atividades urbanas, de forma a reduzir as necessidades e custos de
deslocamento.
Melhoria da qualidade de serviços
públicos com a imprescindível participação popular nas decisões e gestão das
políticas públicas.
Harmonização das relações com a natureza, humanizando
e melhorando a qualidade de vida de todos.
Muito boa análise e propostas exclentes!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
ResponderExcluirEsse tema, entre tantos outros, é de suma importância para o Brasil e costuma ser relegado a outros planos.
A priorização no transporte coletivo, público, de qualidade, preferencialmente sobre trilhos, é fundamental para começar a solucionar os problemas de locomoção dos brasileiros, passageiros e cargas.
Vasto projeto! As ideias são ótimas mas elas parecem não entrar muita na cabeça de muitos gestores mas já começou algumas coisas em algumas capitais pelo menos como São Paulo e Rio de Janeiro. Dá para ver que não 100% do dinheiro alocado para infraestruturas de transorte vai para carro. Uma pequena fatia está sendo alocada em ciclovia, ciclofaixa, o que eu conheço mais e provavelmente em outros tipos de transporte, público, por exemplo. Infelizmente não chegou no interior em todos os locais e isso depende muito da abeça dos gestores locais. Aqui em Vitória já temos uma fala, mas o discurso não se transforma muito em ação efetiva e por exemplos os gastos em infraestruturas cicloviárias são ainda ínfimos... Nem todos os cidadãos podem ter um prefeito igual ao prefeito de Sorocaba!
ResponderExcluirO uso de bicicletas por ciclovias ou ciclofaixas é uma proposta simpática, mas não resolve e nem atende ao gargalo da MAIORIA da população na dura luta para se locomover pelas ruas, avenidas, estradas. Creio que essa proposta funcionaria mais como complemento às propostas estruturais.
ResponderExcluirInsisto que as soluções para a MAIORIA da população devem priorizar o transporte público, coletivo, preferencialmente sobre trilhos, seja para passageiros, seja para cargas.
ADOREI
ResponderExcluirRECOMENDO MESMO
PARABÉNS
Obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirPrecisamos divulgar e debater esse tema com o maior número de pessoas.
Abraços!
Perfeito. Muito bom texto. Análise correta, porém acredito q o uso da bicicleta precisa ser visto como uma das soluções. Muita coisa mudou de 2011 pra cá.
ResponderExcluirOi Minda, obrigado pela visita e pelos comentários.
ResponderExcluirMudou sim de 2011 pra cá. Porém o que mais atende a maioria em mobilidade urbana ainda é o transporte coletivo. Por ser individual, a bicicleta funcionaria como complemento, sobretudo se considerarmos as grandes distâncias nas áreas metropolitanas.
E segue o debate...
Comente sempre!
Muito bom e atual, mesmo tendo sido escrito há 12 anos. Os números precisariam ser atualizados, porém as propostas são de primeira linha.
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentários.
ResponderExcluirExatamente. A essência da catástrofe continua a mesma, a despeito dos números antigos.
Comente sempre!