quarta-feira, 23 de junho de 2010

Viajo porque preciso, volto porque te amo


   Essa semana revi o excelente filme brasileiro Viajo porque preciso, volto porque te amo (Karim Ainouz e Marcelo Gomes) e gostei ainda mais do que na primeira vez. Texto forte e profundo, imagens belíssimas, fotografia arrojada, formato ousado. E, claro, o tema viagem se apresenta a todo instante. Viagem de afastamento, de fuga, de descobertas interiores, mas viagem. E que viagem!
   É sempre gratificante apreciar aquelas paisagens sertanejas, pelas quais tantas e tantas vezes cruzei de norte a sul, de leste a oeste. E, assim como o personagem, embora por motivações diferentes, mantive contato com a população comum, e por isso mesmo mais interessante. Sempre aprendo com esses cidadãos comuns um pouco mais da verdadeira realidade e culturas nordestinas, bem distantes dos cartões postais das agências de turismo de massa ou mesmo das matérias pseudo-jornalísticas que descrevem de maneira sensasionalista somente as misérias da região.
   Às vezes tenho a impressão que o cinema brasileiro, de ficção e documentários, exceção feita aos filmes descartáveis de produção global, é o que melhor tem contribuído para a sétima arte. Basta retirar os últimos preconceitos que ainda restam em relação à produção nacional, escolher uma boa sala de cinema que privilegie o som das vozes dos atores e não firulas desnecessárias, para reconhecer que a qualidade dos filmes brasileiros se equiparam, e muitas vezes superam, filmes estrangeiros lançados com toda a bajulação da mídia comercial.
   E o sertão nordestino, com aquelas pessoas fascinantes, paisagens deslumbrantes, culturas diversificadas... Pensando bem, preciso voltar lá logo, logo...

   Todas as fotos aqui exibidas são minhas.

2 comentários:

  1. Adorei também esse filme e gostaria de acrescentar mais uma observação.
    O tal canal que será construído no sertão do filme por onde passa o personagem do geólogo provavelmente refere-se à transposição do rio São Francisco.
    Sem escorregar em discursos políticos, o texto do filme, como qualquer brasileiro bem informado, condena aquela obra. Afinal, na vida real, a transposição sairá caríssima, com dinheiro público, ou seja, nosso, e servirá principalmente para os grandes empresários do agronegócio que sempre viveram às custas do governo. Pouco ou nada sobrará para a população local que sofre há séculos com a concentração da água nas mãos dos grandes proprietários de terra. Não é à toa que há casos de repressão aos sertanejos que tentam captar a água nos canais já existentes em meio à caatinga.
    Um grande abraço, Rosângela.

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  2. Obrigado pela informação. Comente sempre...Abraços!

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