Depois de escrever sobre as características físicas e a ocupação humana da Amazônia, hoje postarei a situação atual e também algumas conclusões e perspectivas.
SITUAÇÃO ATUAL
Mais de 20% do ecossistema Amazônia foi destruído nos últimos 40 anos. Esse processo segue em ritmo crescente. O que mais ameaça a Amazônia hoje são as queimadas, a pecuária extensiva, o agronegócio com a monocultura de soja para exportação, a exploração predatória das madeiras, a ocupação concentrada e desordenada das terras, a construção de imensas hidrelétricas para abastecer indústrias eletrointensivas.
Um pequeno punhado de capitalistas, brasileiros e estrangeiros, se beneficia dessa devastação, enquanto a maioria convive com o aumento da fome, miséria e desemprego, no campo e nas cidades.
A floresta em pé, a biodiversidade, os povos indígenas, os caboclos, os quilombolas, as comunidades tradicionais, tornam-se empecilhos ao capitalismo.
Modelos de intervenção equivocados, governos autoritários a serviço da classe dominante, monopólio dos meios de comunicação, violência dos capitalistas, impunidade, fundamentalismo religioso, invasão de empresas e governos estrangeiros, ações danosas de algumas ONG’s e fundações, são fatores aliados dos que ameaçam os povos da Amazônia e o próprio ecossistema.
Diversos tipos de unidades de conservação protegem, pelo menos no papel, cerca de 5,6% da área do ecossistema Amazônia. Embora nesse percentual não estejam incluídas as áreas indígenas, muitas delas se sobrepõem com as unidades de conservação, causando conflitos de interesses. Elos de ligação entre as unidades de conservação, e também teoricamente protegidos, os corredores ecológicos representam importantes zonas de conservação da biodiversidade.
CONCLUSÕES
A vocação da Amazônia é ser floresta. Qualquer atividade empreendida na região deve pressupor a floresta em pé. Isso não significa mantê-la necessariamente intocada, mas construir relações harmônicas entre o homem e a natureza, garantindo-lhe um uso sustentável. Propostas, sugestões e exemplos bem sucedidos, ainda que isolados, não faltam.
As futuras decisões só farão sentido se respeitados os direitos, as necessidades e a autonomia dos índios, caboclos, comunidades tradicionais. São eles os povos dotados de sabedoria acumulada e as principais interessadas na correção dos rumos.
Pouco ou nada melhorará se não forem alteradas as relações sociais existentes na região e no país. Enquanto prosseguirem o acúmulo de capital em detrimento da maioria, o processo de recolonização do país, a exploração econômica e opressão política do povo, não teremos avanços significativos.
O povo brasileiro pode e deve assumir a responsabilidade de salvar a Amazônia. É preciso romper esse circulo vicioso de desinteresse e desconhecimento. Fala-se pouco e conhece-se quase nada da região. Os brasileiros devem discutir, estudar, visitar, denunciar, se envolver, assumir a Amazônia brasileira. Mesmo porque, não faltam empresas e governos estrangeiros interessados, sobretudo os já instalados impunemente na região.
Mas não bastam ações individuais. Devemos priorizar a auto-organização e a mobilização social dos brasileiros. Ações locais e especificas precisam se articular com lutas mais amplas que questionem o modelo geral de dominação. Somente assim superaremos a apatia geral, salvaremos os ecossistemas e construiremos uma sociedade na qual haja harmonia nas relações entre os seres humanos e nas relações entre os seres humanos e a natureza.
Acabei de voltar da Amazônia, onde conheci a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Eis um belo exemplo de turismo de base comunitária, que me encantou. Você conhece? É belíssimo!
ResponderExcluirFiz também uma viagem de barco descendo o Rio Solimões entre Tefé e Manaus, que foi uma das experiências mais intensas que já tive. Eu era a única turista do barco e vivi momentos que jamais esquecerei, convivendo com aquelas pessoas que tem outra lógica de tempo (afinal quem espera tranquilamente quase três dias pra percorrer pouco mais de 500km hoje em dia? rs)
Seu blog me encantou e é justamente como penso o turismo!
Parabéns!
Oi Ana, obrigado pela visita e pelos comentários.
ResponderExcluirVocê encontrou essa publicação que escrevi há tanto tempo! Mas acho que continua bem atual.
Adoro a Amazônia e viajei inúmeras vezes para lá. Não faltam relatos aqui no blog de minhas experiências pelos rios e vilarejos ribeirinhos. Creio que percorri todos os rios que possuem linhas de barcos. Subindo, descendo, parando e ficando, aprendendo, ouvindo o que eles têm a dizer.
O maior trajeto fluvial foi no ano passado. Doze dias subindo o rio Purus, de Manaus até Boca do Acre. Como você enfatizou é uma experiência intensa. Nem sei como consegui descrever e publicar esses relatos. É difícil por em palavras...
E ainda explorarei muito mais por lá.
Temos muito o que conversar sobre destinos e maneiras de turismo.
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Abraços!